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REFLEXÕES
À MÚSICA
Música: hálito das estátuas. Talvez:
silêncio das pinturas. Ó língua onde as línguas
acabam. Ó tempo,
posto a prumo sobre o sentindo dos corações transitórios.
Sentimentos - de quê? Ó transmutação
dos sentimentos - em quê?: em paisagem audível.
Ó peregrina: Música. Espaço de coração
de nós liberto. O mais íntimo de nós,
que, transcendendo-nos, força por sair, -
sagrada despedida:
quando o íntimo nos envolve
como o mais exercitado dos longes, como o outro
lado do ar:
puro.
gigânteo,
já não habitável.
Rainer Maria Rilke
[Munique, 11-12 de janeiro de 1918]
[escrito depois dum concerto privado em casa
de Frau Hanna Wolf, a quem é dedicado.]
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